09 outubro 2016

Perdeu a graça: por que candidatos celebridades e engraçadinhos não emplacaram esse ano

Perdeu a graça: por que candidatos celebridades e engraçadinhos não emplacaram SBT/Divulgação


'' Para especialistas, há descrença dos eleitores e fórmula do candidato famoso ou debochado está esgotada ''

Na eleição para prefeito e vereador, realizada no último domingo, foram raros os candidatos celebridades ou com campanhas amparadas no humor que obtiveram êxito. Não houve, por exemplo, um novo Tiririca – eleito deputado federal em São Paulo com mais de 1 milhão de votos.Na capital paulista, celebridades como o socialite Chiquinho Scarpa, o ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca e o ator Thammy Miranda não conseguiram se eleger. Tampouco Marquito, ex-assistente de palco do Programa do Ratinho, e o cantor Netinho de Paula voltaram ao Legislativo de São Paulo. No Rio de Janeiro, famosos como o ator Theo Becker e o sambista Dudu Nobre não obtiveram votos suficientes para serem eleitos.
Em Porto Alegre, candidatos identificados por apelidos curiosos, como MC Vesga e Índio Detetive, não passaram dos 120 votos – os dois atingiram 118 e 115, respectivamente. Em Sapucaia do Sul, Triste teve uma votação melancólica: foi lembrado apenas seis vezes nas urnas. Já Santo Cristo não elegeu o Capeta.
Para David Fleischer, cientista político e professor da Universidade de Brasília, essas candidaturas engraçadinhas e de celebridades não seduzem mais o eleitor como antes.
— O brasileiro não está mais sendo tão atraído por esses outsiders, que vêm de fora da política e usam sua notoriedade para se elegerem, como ser ligado ao futebol ou a escola de samba — aponta.
Segundo Ana Simão, cientista política e professora da ESPM, aquele candidato engraçado, que chama votos despretensiosos e de protesto, esgotou sua fórmula.
— O sistema político-partidário brasileiro exauriu alguma de suas fórmulas de sucesso para chamar voto, como o candidato celebridade, o candidato jocoso, os caciques, o candidato com muitas promessas descabidas. Esse sistema urge por uma reforma, que tenha impacto na democracia brasileira — explica.
De acordo com Ana, as eleições deste ano demonstraram mudanças na condução das campanhas, como a forma de financiá-las, e na relação da sociedade com o político por conta da descrença.
— Existe um esgotamento da política, que se reflete em várias situações, como o apelo à brincadeira, do jocoso, do debochado — indica Ana.
Fleischer concorda que há um desânimo do brasileiro com a política que se reflete na descrença com as candidaturas humoradas:
— Tivemos um número maior de abstenções, votos em branco e nulos, que mostram desânimo, descrédito e alienação do eleitorado. Isso é consequência da Operação Lava-Jato.


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